sexta-feira, 15 de outubro de 2010

O Telefonema

Eles passaram o fim de semana juntos. Gabe só levava Aretha de volta pra casa de madrugada, para ela dormir. Mas aquela ansiedade de uma conversa com Tara e Mark ainda estava me travando a garganta. Se eles continuariam, era melhor resolver isso logo.


De repente me toquei que estava exagerando. Primeiro, porque seria essencial que se comunicasse aos dois que a filha está namorando? Isso deveria ser da conta dela e deles. Segundo, se foi o Gabe que veio me pedir para fazer, porque eu estava preocupado? Ele quem deveria estar ansioso e não eu.


Decidi relaxar. Até o telefone tocar no domingo de manhã. O identificador de chamadas mostrava o número da casa de Tara. Eu atendi achando que era Aretha atrás do Gabe que ainda dormia.


Então tomei um susto ao ouvir a voz da mãe do outro lado da linha após o meu “alô”.
– J.? É Tara. – Ela não precisava ter dito. A lembrança de sua voz chamando meu nome jamais seria apagada de minha memória auditiva.


– Oi, Tara... – Era tão difícil não chamá-la de Princesa... – Tudo bem?

Eu já sabia o motivo daquela ligação. E sem dúvida ela sabia que eu sabia também.


– Tudo, J. Errr... Isso é tão... Estranho, mas... Bem...  – Aquela fala em pausas estava me deixando aflito.
– Não vejo nada estranho, Tara... Poderíamos ter adivinhado, ou não?


– Ah, não, Jack... Eu não quis dizer...
– O que quis dizer, então?


– Desculpa, a notícia me pegou de surpresa. Só isso...
– A mim também... Desculpe, não quis ser rude.


– Tudo bem... Eu só queria mesmo dizer que a Aretha nos contou ontem... Ela estava preocupada com você.
– Comigo?! – Estranhei. – Por que comigo?


– Porque ela disse que Gabe queria que você nos comunicasse e achou que você não estava confortável com isso. – Agora veja, só faltava outra “Ana” aqui em casa. – E... Jack... Eu contei pra ela o motivo.
– Ah... – Foi o que consegui responder.


– É... Ela me encheu de perguntas, sabe como ela é... Não é problema pra você, é?
– Não, claro que não... – Porque seria? – Como o Mark reagiu?

Essa pergunta era mais uma curiosidade mórbida minha do que de relevância para toda a situação.


– Você sabe como é o Mark, J. – Mais até do que eu gostaria, posso dizer. – Ele não é de interferir nesses assuntos... Disse apenas que não pode fazer nada se a filha puxou o meu mau-gosto, para homens. – Pude ouvir sua risada no outro lado da linha.
– Rá! – Debochei. – Ainda bem que ele se incluiu aí.


– Certeza que sim, Jack. Ele sempre me diz isso. Bom... Aretha já foi pra aí... Agora vai ser mais difícil ainda segurar essa menina em casa...
– Ela está segura aqui, Tara.


– Tenho certeza que sim, J. Um beijo.
– Outro pra você.


Desliguei o telefone e respirei aliviado. Nada de encontrar o Mark e sua enorme felicidade latente. Nada de encarar o “Casal do Ano” eleito três vezes seguidas pelos leitores da Rolling Stone.


Não era possível que eu ainda lamentasse. Droga! Senti raiva de mim mesmo e subi para acordar o Gabriel. Ele que abrisse a porta, quando sua namorada chegasse.



2 comentários:

  1. Tá, masoquista é o que ele é! Rá!

    Amo muito!
    bjosmil! *.*

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  2. Eu sempre disse que ele é um CHATO RECLAMÃO! FATO!!! u.u

    Brigada, Mita!!! *-*

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