terça-feira, 23 de novembro de 2010

Imperdoável

Abri os olhos e me dei conta de que eu não estava sonhando. Eu tinha acabado de beijar a filha da Tara.
– Anjo... Por favor... Vá para casa. – Implorei mais uma vez. Não era a frase que ela esperava ouvir.
– Quer mesmo que eu vá embora, J?


– É o que é certo. – Não consegui mentir. – Vou pedir pro Reginaldo te levar.
– Não precisa. Eu sei o caminho!

Eu desejei ter um mecanismo pra voltar meio minuto no tempo. Teria conseguido evitar?


Eu queria ter segurado, mas tinha que deixá-la ir. Eu a desejava em meus braços, mas era melhor que ela me odiasse.


Mandar Aretha embora não diminuiu minha culpa, e mergulhei numa depressão sem fim. Não me orgulho disso, mas me orgulho menos ainda do que fiz.


Eu parei de atender até as ligações de Gabriel. Parei de contar os dias. Passava meu tempo deitado na cama e mal saía de lá. Nem mesmo para comer. Ouvi a ladainha de Claudinete reclamando, mas não dei atenção.


Até o dia que abri os olhos e dei de cara com Ana na minha cabeceira.
– Jack, o que é isso? O que deu em você?
– Nada! Só tenho tido muito sono... Você não devia estar em algum lugar da África Central? – Perguntei de forma malcriada.


– Levanta daí! Anda, Jack! – Ordenou.
– Não quero, Ana! Não enche! Foi você quem me deixou, se lembra? – É... Parece que virei um cretino de vez.


Ana fingiu não escutar e me colocou embaixo do chuveiro.
– Sou grandinha o suficiente pra saber que não fui eu a causadora deste estrago, então pode começar a falar! – Sua voz estava tão imperativa que pensei estar ouvindo minha mãe.


Eu contei tudo para Ana enquanto tomava banho. Tudo. Não omiti uma vírgula. Nem do que só aconteceu na minha cabeça doente. Quem sabe se ela me desse uma surra bem dada, as coisas que estavam soltas, não voltariam pro lugar?


Mas ao invés disso, Ana me confundiu ainda mais. Continuávamos a conversa na sala quando ela perguntou:
– Porque mandou a garota embora, J?
– Que parte do “ela é mais nova que meus filhos”, ou do “ela é filha da Tara e do Mark” você não entendeu?


– Quem parece que não entendeu foi você, Jack! Pela primeira vez em vinte anos você finalmente está perdidamente apaixonado por alguém, e o que você faz? Se nega!

Ela só podia estar maluca!
– Eu não estou perdidamente apaixonado... Só estou... Desorientado! É isso, confuso... A menina é a cara da mãe... Era de se esperar.


– Ela não tem nada a ver com a Tara, J... Duvido que esteja apaixonado apenas pelo rosto da Aretha... Você fala dela como eu já quis que falasse de mim...

Eu me ressenti. Ana era mais um relacionamento mal resolvido na minha vida.


Mas antes que eu dissesse qualquer coisa, ela emendou:
– Eu estou bem... Só quis ilustrar... Mas se quer um conselho, não lute contra isso... Só vai te deixar pior.
– Eu não tenho alternativa, Ana... Entenda...


– Então procure um terapeuta, J... Não dá pra viver desta maneira! Seus filhos também não merecem ser ignorados. Gabriel me ligou. Quer saber o que está acontecendo, já que você não atende o telefone. Com certeza Claudinete tem ordens de não falar. Mas eu não sou sua secretária, Jack Miller!
– O que vai dizer a ele?


– Eu?! Nada, ué! Diga você! Atenda o seu filho, fale com o Gabe! A Júlia também está preocupada...
– Foi ela quem te falou, não foi?


– Jack... É impossível para uma mulher não perceber determinadas coisas... Júlia não falou nada com você porque viu que estava feliz, como há muito não te via... Mas é claro que ela notou... Só preferiu fingir que não. Convenhamos, ela também não é sua mãe...


Depois que Ana foi embora, eu tentei re-organizar meus pensamentos para poder re-organizar minha vida. Gostava de fazer isso tocando.
Na minha cabeça, travava-se uma batalha.


Eu estava lutando, mas a imagem do seu rosto e o gosto de sua boca, não saíam da minha cabeça. Quando parei, já tinha concebido uma melodia inteira.


Olhei pela janela e havia anoitecido. Meus dedos doíam. Precisava pensar em outra coisa, precisava ocupar minha mente.


Eu me joguei no sofá. Queria dormir, mas não tinha sono. Ouvi a campainha tocar. Quem poderia ser agora? Eu não tinha condições de receber quem quer que fosse.


Ouvi os passos que indicavam que alguém tinha acabado de entrar na sala.
– Eu não estou pra ninguém! – Falei apático, sem nem me dar ao trabalho de virar para olhar.

3 comentários:

  1. Ana é diva! Amo!
    Colocou o J no seu devido lugar! rsrsrsrsrsrsrsrs

    bjosmil! *.*

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  2. Affe.. q Diva porcaria nenhuma u.u" Não sei o q vc veem nela ou o q eu não vejo... sei q não gosto dela.... =P

    Jackkk lenvanta dai e liga preu... asuhuahsuhaushua

    J.. S2

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  3. Diva! Máxima! A maior que eu já criei, Deh! Vc gostando ou nao! Hauhsuahsuah! E sim, só ela conhece tão bem o J pra fazer iss, Mita! Ah, sim, mais tarde Aretha tb! Hauhsuahsuah!

    Obrigada queridonas!

    ..: Bjks :..

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