domingo, 7 de novembro de 2010

Visita no fim de semana

Eu ainda não tinha visto a cara de Gabe quando a campainha tocou no dia seguinte. Abri a porta para um Thales sorridente.
– E aê, tio J! Como é que vai essa força?! – Cumprimentou-me com um tapa de mãos.


– Oi, Thales... Há quanto tempo...
– É vero, tio!


Thales era o pai escrito e escarrado, a não ser pelo jeito... De nerd, Thales não tinha nada. Da mãe ele só tinha os olhos puxados, herança de sua falecida avó “issei”. A semelhança com seu pai me incomodava um pouco, mas nem posso reclamar... Imaginem o Mark tendo que conviver com o Gabe...


– Posso entrar? – Ele perguntou frente a minha mudez.
– Ah! Sim, claro, Thales. Entra...


– Tio, o Gabe tá por aí? Deve tá, né?
– Está, mas não sei se ele já acordou. Eu posso te ajudar?


– Pô, tio... Eu acho que não, só se for pra acordar o Gabe... Não leva a mal, mas o papo que quero ter com ele é meio reto...
– Entendi... Eu vou lá em cima, então, tá bom?


– Eu agradeço, chefia!


Gabe já tinha levantado. Procurava algo pra vestir em sua cômoda quando bati.
– Entra. – Respondeu.


– Você tem visita... – Falei ao entrar.
– Eu?! – Surpreendeu-se.


– O Thales ta lá embaixo, querendo falar com você.
– Ah! – Bufou. – Ninguém merece! Eu não quero falar com ele não.


– Que bobagem, Gabriel! Bota uma roupa e desce pra escutar o que o cara tem a dizer, qual é o problema?
Gabe fez uma careta.
– Ta bom! Ta bom! Cara chato! Mas ele vai me esperar tomar um banho.


De birra, Gabe deixou Thales esperando um tempo na sala. Mimado. Muito mimado. Eu fiz companhia ao garoto, perguntando sobre a primeira semana de aula e a impressão que teve da Universidade.


Quando Gabriel enfim desceu eu deixei ambos as sós, mas me retirei estrategicamente para cozinha, de onde poderia escutar. Eu sei, é feio, não se faz, mas já que eles me envolveram em tudo desde o início, me senti no direito de xeretar.


Thales começou, notando que Gabe estava visivelmente de mau-humor.
– Fala, fera!
– E aê? – Gabriel cumprimentou entediado.


– Hey, Gabe. A gente pode levar um papo?
– É por isso que você está aqui, não é? – Desdenhou.


– Escuta, cara... Gosto muito de você... Apesar de não ter queda por loiros – brincou – te considero um “amigaço” mesmo, você sabe... O que aconteceu no chateau foi muito chato, isso pra não falar desse trocadilho ridículo!
– Bem colocado...


– Ok, entendi... “No jokes”.. Olha, Gabe... Eu não devo satisfação pra você, ta ligado? Mas como eu disse, te considero pacas e acima de tudo... A Alanis te considera mais ainda. Tô aqui por ela também... Enfim... O que quero dizer é... Cara! Eu gosto da sua “irmãzinha”, ta legal? Além de tudo conheço ela desde sempre...


– Você também me conhece, e já me viu em farras homéricas, Gabe... Mas eu jamais desrespeitaria um fio de cabelo da Alanis. Isso é o tipo de coisa que não preciso te dizer, então me aborreceu o modo como falou comigo na ilha. – Desabafou e calou-se.


– Acabou? – Gabe quis saber após o minuto de silêncio.
– Qual o seu problema?


– Eu não tenho problema nenhum! Só não sei por que você está vomitando essa ladainha em cima de mim.
– Ah! Ta legal, então, Gabe... Quer saber? Você ta muito diferente! E nem vou mencionar o que fez com minha irmã... É problema de vocês, mas... Como vem me criticar?


– Como você mesmo disse, “Lê”, – Gabriel enfatizou com ironia o apelido que Alanis carinhosamente havia dado ao namorado – você não me deve satisfações, e a recíproca é verdadeira, então se você terminou seu discurso de bom garoto, já pode ir embora.
– Tem razão.


Thales virou as costas e saiu, mas ao abrir a porta voltou-se novamente para Gabriel.
– Ah, esqueci! Sua “irmãzinha” está passando o findi na minha casa... Ela mandou um beijo pra você. – Alfinetou.

Gabriel não respondeu. Eu tenho certeza que, apesar da provocação de Thales, ele já estava arrependido da forma como tratou o amigo.


Quando a porta bateu eu voltei para a sala. Mirei meu filho com um olhar de reprovação.
– Ta! Eu sei! Não precisa falar!!! – Reagiu. – Não se preocupe. Isso tem data pra acabar.

Eu não entendi.



2 comentários:

  1. Thales! *--*
    Filhota não é fácil... Como consegue? rsrsrsrsrs
    bjosmil! *.*

    ResponderExcluir
  2. Huashuahsua!!! Que filhota sortuda a sua, viu!!!

    Bjks!

    ResponderExcluir