segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

De Homem para Homem

Depois de Júlia fazer o anúncio, e com Aretha em nova excursão de pesquisa – desta vez segura com o irmão – passei a dedicar algumas horas do meu dia à procura de casas para comprar.


Busquei um corretor e fiz algumas visitas. Confesso que estava procurando algo especial. Era difícil escolher, porque tentava encontrar alguma que Aretha gostaria. Eu já tinha projetado nossa vida sem nem ao menos consultá-la sobre isso. Mas prometi não pressioná-la.


Estava novamente sentado na escrivaninha do escritório, vasculhando todas as corretoras on-line – e completamente entediado com essa missão – quando Claudinete bateu na porta e entrou.
– Jack, você tem visita.


Eu não estava esperando ninguém, achei estranho alguém aparecer assim sem avisar.
– Quem é? – Perguntei curioso.
– Se eu disser, você não vai acreditar.

Claudinete estava cada vez mais abusada. Acho que vou deixá-la de herança junto com a casa para Júlia. É... Definitivamente vou.


– Acho melhor você ver com seus próprios olhos. – Continuou. – Eu pedi que aguardasse na sala de estar.
– Está bem, Claudinete. Já vou descer, obrigado.

Eu juro que não tive disposição para discutir.


Esperei ela sair, desliguei o computador e desci. Enquanto me dirigia à sala fiquei “brincando de adivinhar” quem era, mas errei todos os “chutes”. Errei feio.


Parei na porta, ao me deparar com a figura de Mark que olhava com certa admiração a minha estante de livros. Sua expressão tão natural como se estivesse visitando alguém de sua família. Eu não sabia o que dizer. E já estava me incomodando o fato d’eu nunca ter palavras quando o encontrava.


Porque no fundo, minha vontade era berrar na cara dele: “Não adianta, eu amo sua filha, e o pior, ela me ama, e nada do que você possa fazer vai mudar isso!”. Mas isso não significava que eu tinha o direito de fazer.


– Não sabia que você gostava dos clássicos, Jack. – Introduziu Mark. Agora sei de onde vem o costume de Aretha de não dizer “oi”.
– Ah, por favor, Mark! Estudamos juntos, não sou um gênio como você, mas também não sou nenhum troglodita ignorante.


– Não estou te subestimando, desculpe se fui grosseiro... Mas também estou longe de ser um gênio, Jack... E muito mais longe ainda de ser o cara perfeito que você imagina.
– Ah, tá bom! Agora tô convencido, só porque você falou. Mas não acredito que tenha vindo aqui para pontuar seus defeitos, não é?


– Não. Claro que não. – Ele sorriu com o canto da boca, como se risse de si mesmo. – Pode se desarmar... Eu vim expor minhas fraquezas... E entregar os pontos.

Eu estava mudo novamente. Não esperava por nada disso. Eu desejava, mas não esperava.


Ele continuou:
– Eu costumava achar que jamais poderia amar alguém mais do que amo a Tara. Mas então nasceram meus filhos... E eu descobri uma forma de amor incondicional. Não importa quem eles sejam ou o que eles façam, eu jamais poderei deixar amá-los. Sei que você me entende, porque conheceu esse amor antes de mim.


Porque as palavras não saíam? Poderia ser um simples “eu sei, e também concordo”, mas nem isso me sentia capaz de pronunciar. Talvez fosse por ver o cara ali, com as veias abertas, que eu não conseguia me expressar. Não era a primeira vez que Mark me causava isso.


– É claro que nunca, nem no meu pior pesadelo, imaginei você como o homem ideal pra minha filha. Mas não posso condená-la por fazer essa escolha. Tão pouco posso condenar você pelo que sente por ela.


Mark seguia em seu monólogo:
– E sei que sente. Sei por que conheço minha filha tão bem! Sei por que reconheci o brilho no olhar dela ao falar sobre vocês. E sei por que pude sentir sua preocupação ao deixá-la aquela noite na minha casa.


– Mas eu te juro... Se você a magoar, Jack. Eu vou até o inferno atrás de você.

O tom não era tão ameaçador quantos as palavras proferidas pareciam. Era, pelo contrário, preocupado.


Isso me encorajou:
– Não vai ser preciso, Mark. Se algum dia eu magoar Aretha, eu mesmo dou cabo da minha vida. – Finalmente consegui falar.


O peso do daquele diálogo baixou na sala em forma de silêncio, e por alguns instantes nos encaramos, como se cada um tentasse ler o que ia agora na mente do outro.
Eu tentei me colocar em seu lugar e compreendi o quão difícil aquele momento deveria estar sendo pra ele.


– Só... Queria te pedir um favor. – Ele disse. – Dê mais um tempo pra Tara. Eu acho que deve ser mais difícil pra ela... Ela gostava demais de você. Sempre gostou, e... Foi como... Eu não sei se seria esse o termo certo mas, foi quase como uma segunda traição.


– Mark, olha... – Eu queria tentar me explicar, mas já não havia mas o que falar a Tara sobre isso que já não tivesse sido dito. Mark devia entender, porque me interrompeu neste instante.
– Eu não vejo desta mesma forma, Jack, mas preciso respeitar o tempo dela. Sei que ela vai entender, tenho certeza. Só não posso garantir que os sentimentos voltem a ser como eram... Na verdade não acredito que seja possível.


Eu nem poderia exigir isso. Eu sempre soube. Acredito que ele também. Mesmo depois que nos separamos, mesmo depois dela se apaixonar pelo Mark, Tara sempre deixou bem claro o carinho que sentia por mim, em gestos, em sorrisos e até mesmo em palavras. Isso não colaborava para que eu a esquecesse, então fui eu quem me afastei. Mesmo sabendo que seria impossível apagá-la de mim.


Mark voltou para a estante e ali ficou observando por mais algum tempo. Então escolheu alguns títulos e os retirou.
– Posso pegar esses emprestados? Eu tinha no meu acervo, mas sumiram e acho que tem o dedo de Thales nisso. Estava querendo reler... – Mark se justificou como se fosse a coisa mais natural do mundo ele frequentar minha biblioteca.


– Errr... Claro! – Respondi com atraso e ainda confuso.
– Obrigado! Eu mando de volta pela Aretha.


Mark saiu levando com ele além dos livros, um enorme elefante branco expurgado das minhas costas. Se fosse realmente só de tempo que Tara precisava, eu poderia fácil e pacientemente conceder.



4 comentários:

  1. Ooooooooooooown Jaaack!!! Lindo e maravilhoso...
    Mark e Jack juntos é muito lindo, claro q o J é muito mais lindo, ms o Mark tbm é bonitinho... [isso foi pra implicar com a Mita e com vc tbm dona Paula =P]
    Olha só.. o Mark não da Oi assim como a Aretha... é mau educado u.u'
    Eu sei q vão dar uma desculpa quanto a isso... aushuahsuhaushuhas. Amo vcs suas loucas :P

    ;*

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  2. Eu também sou má-educada... Sempre esqueço de dar oi... E nem por isso você gosta menos de mim Deh! XD
    Tô careca de saber que tu gosta mais do J. Mas pra mim a atuh ficou perfeita por causa do Marklindooooooooooooooooooooooo
    Além de tudo ele é maravilhoso! J pensando horrores e ele foi ali pra se torn ar "amiguinho"! :]
    Será que o J me empresta alguns livros também?

    AMO!!!
    bjosmil *.*

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  3. Não me lembro mesmo de vc ter me dado um oi.. hum... é, não gosto menos por isso... kkkkkkkkkkkkkkkkkk.Eu tbm to careca de saber q vc prefere o markfeioso... aushuahsuhau

    O J ja emprestou os livros pro Mark, melhor ir buscar la... *sinis

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  4. Hauhsauhsuahsa, Deh vc não vai ficar triste por eu concordar com a Mita mais uma vez, né???

    haushauhsuahsuah!

    Olhe o perfil desse menino! É perfeito, desenhado!

    E, ah! tá printado!

    Mita, tb acho a sugestão dea Deh boa, melhor pegar os livros com o Mark! *¬*

    bjks!

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