quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Uma Pequena Grande Surpresa

Gabriel embarcou, Júlia retornou, Ana, Alessandro e Eve partiram e a vida voltou quase ao normal. 


Já havíamos comunicado a todos sobre o nosso casamento. Apesar de Mark e Tara acharem muito cedo e precipitado, Aretha permaneceu firme em sua decisão e ambos acabaram entendendo que era perda de tempo tentar convencê-la do contrário.


Por conta disso, no período de férias, Aretha estava praticamente morando comigo. Mas faltava pouco para aquilo terminar e ela voltaria para sua casa no Campus. Pelo menos até oficializarmos tudo.


Eu estava começando a entrar em paranóia com isso outra vez. Somente as corridas na praia e a academia não seriam o suficiente para ocupar meu tempo em sua ausência, e ficar ocioso me levaria a pensar no Sr. Simpático e seus dentes brilhantes o tempo todo em sua companhia.


Então, justamente na última semana, o comportamento dela mudou. Ela que sempre fora alegre e falante, andava calada e abatida. Dormindo mais do que o normal e por duas vezes rejeitou minha aproximação. Isso nunca havia acontecido antes, mas respeitei seu espaço e não insisti.


Na manhã seguinte da minha terceira investida frustrada resolvi aproveitar que ela dormiu até mais tarde, para preparar e levar seu café no quarto. Enquanto isso pensava numa maneira de perguntar o que estava acontecendo, apesar de ter receio da resposta.


Quando subi com a bandeja ela não estava mais na cama.
– Anjo! – Chamei.

Não houve resposta.


Descansei a bandeja na beira da cama, e fui até a porta de vidro do banheiro. Olhei e não a vi, mas a porta estava trancada.
– Aretha! – Chamei de novo. – Tá tudo bem, Anjo?

A voz veio plangente e abafada lá de dentro.
– Não! Não está, não...


Ela estava passando mal? Comecei a ficar preocupado:
– O que você tem? Abre a porta, pr’eu poder te ajudar. – Eu tentava a todo custo avistá-la do outro lado.
– Você não pode me ajudar! – Agora a voz parecia mais arrastada, e minha aflição aumentou.


– Então apenas abra, se eu não posso ajudar, posso ficar aí com você?

Mais uma vez silêncio. Eu tentei me acalmar e pensar que tudo não passava de uma simples síndrome pré-menstrual.


Seu rosto estava lívido quando apareceu através do vidro. Seus gestos estavam tão lentos! Ela abriu a porta e parecia não querer me encarar quando entrei.
– Aretha... O que você tem, meu amor?
– Eu... Eu... – Ela soluçava tanto, que não conseguia falar. – Acho que estou... Grávida!


As pernas dela fraquejaram e eu a segurei. Só então raciocinei sobre o que ela disse. Grávida?! Aretha estava grávida?! Deus, se estivesse mesmo eu queria pular e gritar de alegria, mas ela não estava compartilhando dessa felicidade.


– Isso não podia acontecer, Jack! Não podia, não mesmo! Eu estava... A gente estava se cuidando... – Disse e o choro desceu copioso.

Eu me lembrei do dia que ela voltou de viagem, pouco antes do casamento de Júlia. Estávamos desprevenidos e nos deixamos levar mesmo assim. Apesar de toda minha experiência, devo ter vacilado em algum momento.


– Às vezes acontece... – Tentei consolar. – Mas vej...

Ela não me deixou continuar:
– Não! Como eu fui deixar isso acontecer?! Eu fui tão irresponsável!


Mas ela não tinha feito nada sozinha. Eu precisava colocar os pensamentos no lugar.
– Porque acha que está grávida, Anjo?
– Eu... Estou atrasada... E meu humor, estava estranho... Mas esta semana, eu estava mesmo me sentindo esquisita... Não sei explicar... Comprei um teste de farmácia só que não tive coragem de fazer.


Ela estava chorando de novo.
– Aí... Hoje, quando você estava preparando o café e o cheiro chegou no quarto... Eu adoro sua comida, J! Mas hoje... Droga! Eu enjoei! E daí eu... Resolvi fazer o teste... Jack! Eu não posso! Eu não posso!


Eu a abracei o mais forte que pude. Como dizer pra ela, que eu não podia estar mais feliz? Era um enorme egoísmo de minha parte, mas simplesmente não conseguia deixar de me sentir assim.


Eu já tinha dois filhos. Ambos adultos, nenhum morando comigo mais. Mas seria a primeira vez que eu teria a oportunidade de curtir a gravidez de um filho meu. Júlia havia sido adotada e eu tinha uma péssima relação com Victória quando ela engravidou de Gabriel. Aliás ela não era boa ainda hoje.


Eu ia poder namorar, beijar e acariciar aquela barriga. Conversar, cantar e contar histórias. Imaginei como seria escolher junto com ela as roupinhas, sapatinhos, os móveis e a decoração do quarto.


– Anjo... Escuta... A responsabilidade não foi sua... Acalme-se um pouquinho, vamos conversar...
– Eu não estou preparada pra isso, J... Não consigo nem tomar conta de mim... Nem cheguei no meio do meu curso! Eu quebro tudo que está a minha volta, e mato todas as minhas plantas, J! Não sou capaz de cuidar de uma criança!


Eu compreendia sua angústia, é claro. Ela ainda nem tinha completado 19 anos. Devia mesmo ser muito assustador. Mas que mulher está preparada para o primeiro filho? Provavelmente nenhuma, por mais que se planeje.


– Eu sei, Aretha... Entendo sua preocupação, sei o quanto é prematuro... Não me tire de egoísta, mas eu quero, e quero muito! Nós vamos nos casar, não vamos? Um bebê só irá alegrar mais esta casa.
– Não te acho egoísta, nem é que eu não queira ser mãe... Só nunca pensei em ser agora! Você já teve dois filhos... Porque ter mais um, tão distante assim dos irmãos?


– Porque é com você! A mulher que eu amo e que faz eu me sentir completo. E porque eu sei que ele vai ter o seu nariz!

Eu consegui fazer Aretha abrir um sorriso e me senti melhor com isso.


Foi ela então que me abraçou.
– Eu estou com muito medo, J...
– Não fique... Você não está sozinha, eu estarei o tempo todo com você.


A primeira providência a ser tomada era levá-la ao médico. Não só para termos a confirmação da gestação, mas para sabermos se mãe e bebê estavam bem. Foram duas semanas entre consultas e exames.


Aos poucos Aretha estava começando a curtir a situação. Mas às vezes eu precisava “segurar um pouco a minha onda” na frente dela, porque era ela quem estava abrindo mão de muita coisa em nome desta gravidez.


Já havia perdido algumas aulas, com certeza perderia mais, e muito provavelmente teria que interromper seu curso por um ou dois semestres quando o bebê nascesse. Isso sem contar que ela era apenas uma garota, começando a fase adulta.


De minha parte, fazia o possível para deixá-la confortável e segura.


No final, recebemos a confirmação: Nós estávamos grávidos. Eu seria pai novamente, Aretha não podia estar melhor de saúde e eu já não cabia em mim de tanta felicidade. Havia muita coisa a ser feita. Mas antes...


Achei que podia fazer alguma coisa especial pra ela, antes de resolvermos como e quando contar as pessoas sobre o novo membro da família. Deixei Aretha na UNESim e passei o resto do dia ocupado com isso.


Ela estranhou quando eu fui buscá-la, à noite. Afinal, eu não tinha combinado nada. Ainda por cima dei de cara com o monitor cheio de sorrisos. Enfim, prometi não me estressar com isso. Não houve muito tempo pra reação. Apenas dei-lhe um beijo no lugar de um “oi”.


– Oi, J! – Ela cumprimentou sem muito fôlego, quando a larguei. – Que surpresa boa!
– Vim te pegar pra jantar...


Lembro que falei um “E aí?” pro chato do Thomas que olhava pra gente, constrangido. Porque ele simplesmente não dava tchau e se mandava? Isso era o tipo de atitude que me irritava nele. A demora em ir embora.


– Mas eu não estou pronta... Preciso tomar um banho, me arrumar...
– Você pode fazer isso lá... O jantar é na nossa casa...


Aretha sorriu para mim e se despediu do monitor. Eu não me dei ao trabalho. Eu disse que não me importava que eles continuassem amigos, mas em nenhum momento falei que EU seria.


Meu plano inicial ao chegarmos, seria deixá-la subir pra tomar banho enquanto eu terminava o jantar, para que ela encontrasse sozinha a pequena surpresa que deixei em nosso quarto. Mas não resisti em querer ver sua reação.


Havia três coisas em cima da cama: uma pequena caixa preta de veludo, um cartão e um par de sapatinhos de crochê. Aretha soltou um suspiro leve:
– Ah, J! Que lindo!


Depois pegou o cartão para ler: “Sei que você já aceitou, e sou o homem mais feliz do planeta, mas desta vez eu não esqueci o anel. Casa comigo? Te Amo, J.”


– Então estamos iguais... Eu sou a mulher mais feliz do planeta! Assustada, mas feliz! – Ela disse distraída, enquanto colocava o anel no dedo, selando nosso compromisso.


Aretha me abraçou emocionada e eu a confortei.
– Está tudo bem. Eu vou descer agora para terminar de preparar o jantar...
– Eu vou só tomar um banho e já desço.


Eu já tinha alcançado as escadas, quando me lembrei de avisá-la que havia um recado do obstetra para ela, na secretária eletrônica. Voltei e parei na porta de vidro ao me deparar com a visão da minha mulher se despindo para entrar na banheira.


Depois de alguns segundos de estupor e encantamento consegui abrir a porta. Ela tinha poucas semanas de gravidez, ninguém notaria a diferença, mas para mim estava ainda mais bonita. Aretha mantinha os olhos fechados, acomodada dentro da Jacuzzi. O barulho do motor da hidromassagem não permitiu que ela me ouvisse entrar.


– Eu... Vim te dar um recado, mas me esqueci o que era... Você me deixou tonto... – Avisei, sorrindo.
– Bobo!


– Isso parece bom... – Comentei.
– Está ótimo! Muito relaxante... Porque você não entra?


Eu aceitei o convite, tirei minha roupa e pulei do seu lado na banheira.
– Acho que o jantar vai atrasar um pouquinho... – Provoquei.
– Eu não estou com fome mesmo...


Aretha se enroscou em mim e eu finalmente senti voltar garota fogosa que, há algum tempo, andava sumida.



4 comentários:

  1. J!!! *--*

    Q atuh mais cut cut!!!!!! Gravidez, noivado... O J merece isso tudo. c2
    Eu dou muita risada do J implicando com o Thomas...kkkkkkkkkk

    Perfeito *-* Como não ser perfeito se tratando d uma parte da história da vida do J, né? =P


    Bjs

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  2. Acho muito fofo o J, mesmo com todas as suas nóias, tentando transmitir segurança pra ela frente a essa gravidez... Eu acho que foi um dos momentos mais felizes da vida dele... =]

    Bjks!

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  3. J nasceu pra ser pai! Coitada da Aretha... Se dependesse dele teria em ninhadas!

    AMO!
    bjosmil! *.*

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  4. Onw, é verdade, mas ele cuidaria de todos como uma mamãe ganso! Haushaushauhs! Paizão!

    Bjks!

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